A vontade era de gritar e um esbofetear o outro como haviam pensado no caminho antes de se encontrarem,ou talvez chorar incessantemente e gritar até que o outro pudesse sentir toda a magoa do mundo,toda a culpa do mundo. Quem sabe poderia ser tudo lindo e comercial e um corre-se para os braços do outro dissesse frases feitas e selassem seu amor com um beijo doce.
A realidade porém foi agridoce,como sempre nossa criatividade e coragem vão pra algum lugar inacessível no momento em que mais precisamos.O que realmente aconteceu os faria dormir mal por muitos dias pesando no que poderiam ter feito ou falado,mas já era tarde.
Ela com um lenço azul no pescoço,o rosto um pouco corado devido o calor que vinha da alma ,mas por fora o frio era monótono e triste. Ele uma jaqueta velha porem moderninha,o cabelo bagunçado pelo vento e o rosto apertado de dor. Ambos os olhos estavam plácidos brilhantes e sublimes porém tristes,o amor espremido e guardado estava querendo saltar pelos olhos,mas a dor de nenhum dos dois permitiu que o fizesse.
Ficaram um tempo em silencio esperando que alguém pudesse falar,mas o silencio gritava tão alto que ninguém se atrevia a interrompê-lo.Ao som da primeira palavra que ela disse um tipo de grunhido defensivo saiu da boca dele ,a lágrima dela parou no meio do rosto,sua cabeça balançou negativamente e suas palavras recuaram,ele com vergonha já vermelho tentou pegar em sua mão que foi pra trás,ele então a segurou pelo rosto firmemente e a beijou e ela o beijou e o amor saiu com raiva e com pressa . Mas como eu havia dito,nada tinha sido como talvez no comercial,após essa cena ela saiu correndo em direção nenhuma, só precisava parar de dividir o mesmo espaço e o mesmo ar que ele, ser corajosa em algum lugar sozinha. Ele esmurrou alguma coisa que estava próxima, colocou a mão na cintura e resolveu não ter reação nenhuma.
E era isso todos os seus problemas estavam resolvidos,a partir daquele momento não havia como tocar no assunto,seria apenas perda de tempo,mais lágrimas e mais algum objeto próximo quebrado.Há certas vezes que a melhor solução é não tentar dar solução nenhuma, há pessoas que por mais que vistam a culpa perfeitamente, sabem fazer qualquer argumento não ter nenhum cabimento e existem erros que não nos permitimos dividir com ninguém, são só nossos.
Tornariam a se ver, não com a mesma frequência,mas a intensidade já é discutível,a dor seria amenizada pela anestesia do tempo e o amor fora aprisionado,em partes transformada em mágoa,outra em perdão,alguma em descaso mas a maior parte estava lá trancafiada e era melhor não mexer ,quem sabe um dia ela resolvesse sumir ou por um milagre em um dia de faxina interior se descobrisse que ela não residia mais lá,mas isso já é história que só o tempo pode dizer.
”— | Bárbara Adline |